Coisas de Natal – 1

Sou louca pelo Natal. As cores, as luzes, os bichinhos de pelúcia, anjinhos…. tudo tão lindo. Mas a festa de Natal em casa, e na maioria das casas que eu conhecia, era sempre tensa. Juntava muita gente sem ter o que fazer a não ser esperar para a ceia, daí uma bebida aqui, outra ali e…. por outro lado as crianças aprontavam todas porque esperavam ansiosas a visita do bom velhinho… um outro grupo, em geral as mulheres, estavam cuidando da comida. De repente havia um mal entendido, ou um empurra-empurra entre as crianças que acabava com os adultos entrando na história ou, e o mais comum, por conta da bebida, uma assunto chato entrava na roda e acabava numa discussão.
Cansei de ver as luzes de Natal serem ofuscadas por uma reunião mal ajeitada. Eu estava convencida de que o problema da noite era o ócio. Muita gente, muito tempo e nada de especial para se fazer. Eu estava com uns 20 anos de idade e o Natal seria na casa da minha avó, na época eu morava com ela. Era hora de fazer um Natal diferente e eu tinha algumas ideias para isso. Com carta-branca da minha avó, eu comecei, naquele ano, uma tradição deliciosa na família.
Primeiro fiz a Árvore da Família: Um tecido verde Preso na ponta e caia, abrindo como árvore, preso à parede e sem nenhum enfeite. Fiz estrelas com o nome de cada um e na chegada de cada convidado, eu pedia para colocar a sua estrela na árvore, no local que achasse mais adequado para aquele ano. Simples, mas fez com que cada um refletisse sobre o seu ano, ao invés de pensar no erro do outro.
Faltava ainda resolver o problema do ‘ter o que fazer’ e sobrar pouco tempo para beber ou para conversas desagradáveis.
Institui, então que, para ganhar presentes, cada um teria de cumprir uma pequena missão. Elas estavam escritas em papéis dobrados numa caixa em cima da mesa. Cada um pegava uma missão e teria de cumprir. Poderia ter a ajuda de outras pessoas, se precisasse. Algumas missões apareciam duas ou três vezes na caixa e portanto, seriam repetidas algumas vezes.
Quais eram as missões? Não sei se lembro de todas, mas…
Tocar a campainha no vizinho (que não conhece) para cumprimentá-lo pelo Natal.
Fazer uma declaração de amor à família
Cantar uma música de Natal.
Interpretar uma música de Natal.
Entregar uma flor a um desconhecido na rua e cumprimentá-lo
Decorar lindamente o peru da ceia
Falar sobre as qualidades de uma pessoa da sala
Dançar com alguém do grupo, uma música especial de Natal.
Comportar-se como o Papai-Noel por 10 minutos, brincando com todos.
Alguns (poucos) não toparam a brincadeira, mas se divertiram com cada um cumprindo a sua. Outros buscaram ajuda e cumpriram a tarefa em grupo. As crianças (Thiago e Tatiana) estavam entusiasmadas por verem os adultos brincando, a festa era só risada e correria para cumprir a tarefa. E quando nos demos conta das horas, já era quase meia noite.
Mas ainda faltava um momento de magia… eu comecei a gritar apontando pra janela, mostrando que o trenó do Papai-Noel estava indo embora… O Thiago, o menor entre todos, gritava junto comigo, apontava para o mesmo lado que eu e dizia – Olha ele lá indo embora….. Eu estou vendo o Papai-Noel!!!!
Todos nós ficamos emocionados com a euforia dele e as crianças, então, tiveram a ordem de abrir seus presentes.
Os adultos se reuniram em volta da mesa bem decorada, com cheiro de fome e comida de vó, e se abraçaram como há muito não acontecia numa noite de Natal.
Jantamos deliciosamente e depois fomos abrir os presentes.
Fio uma noite memorável, no melhor espírito de Natal. Alegria, união, amor e magia. E no ano seguinte, resolvi fazer ainda melhor. Eu conto essa história no próximo post.