Coisas de Natal – 2

Nos anos seguintes à minha primeira investida em mudar o ritmo do Natal da família, tudo foi muito mais gostoso. As pessoas já estavam na expectativa das missões que teriam de cumprir para ganhar seus presentes e todos queriam, de alguma forma, participar.
Houve um ano que decidiram fazer um “amigo secreto” e eu comentava que essa ideia não dava certo em família. Marido e mulher contavam um ao outro quem tinha tirado, filho pedia ajuda da mãe pra comprar o presente… quer dizer que de secreto não ficava nada! Disseram-me que ninguém iria contar pra ninguém, como um pacto. Claro que não acreditei, mas precisava provar que essa história não funcionava. Muito bem. Reuni a família. Todos tiraram seus papéis, de primeira, ninguém tirou a si mesmo, então, estava fechada a história. Não precisou mais de três dias para que a confusão aparecesse. Meu pai foi o primeiro bocão a contar para minha mãe que havia me tirado de amiga secreta. Minha mãe disse: Impossível. Fui eu quem tirei. Desconfiada, minha mãe foi ver quem a minha avó havia tirado. Era eu. Descobriram…. Eu coloquei só o meu nome no sorteio. Se descobrissem a minha artimanha é porque não haviam cumprido o pacto de não falar. Pronto. Acabou a ideia de amigo secreto na família.
Mas o que eu ia contar mesmo é que, com o passar dos anos, os Natais foram ficando cada vez mais elaborados, cheio de brincadeiras e todos esperavam.
Houve um muito especial. Meu tio Clayton estava bem doente e ele era um dos que passou a amar os Natais, daí ele pediu para que fosse na casa dele a festa daquele ano.
Preparamos tudo com muito capricho, ele era o mais animado. Na noite de Natal, ao invés de apresentar missões, eu montei um programa de TV, eu era o Silvio Santos e fiz vários quadros do programa tendo como convidados a família. Os jovens – Paula, Tatiana e Thiago, prepararam uma música para a família. Minha irmã foi a entrevistada na Porta da Esperança, tão divertido que meu tio quase passou mal de tanto rir.
Brincamos muito e também nos emocionamos, os presentes eram apenas lembranças cuidadosamente escolhidas para cada um. Meu tio chamava a atenção de todos para a beleza da cesta de frutas que montamos à tarde. Tudo era motivo de orgulho, na verdade o grande orgulho era a união e o amor da família. A noite foi linda e inesquecível.
As crianças viraram jovens, mas outras crianças começaram a ‘brotar’ na família e a renovação tão presente no Natal, estava também entre nós durante o ano, fortalecendo a esperança de todos nós.
Enfim, aquele ano deu início a um novo jeito de passar a noite de Natal: começamos a montar o Show de Talentos. Em grupo ou individualmente, cada um se prepara para ‘arrasar’ na noite, com direito a ensaios, roupas especiais, fantasias, efeitos especiais…. A coisa toda foi crescendo e virando um verdadeiro evento. Danilo aproveita sua experiência profissional e instala som e iluminação dignas de um grande evento. Adultos, jovens e crianças viram todos da mesma idade.
E tudo virou tão bonito, tão mágico que os nossos Natais começam no início de novembro. Compras de presentes, enfeites em todas as casas da família, montagem do esquema de viagens – quem vem de fora, quem recebe quem, onde fica cada um.
No dia 23 e 24 as crianças se ocupam em fazer a árvore da família, os enfeites especiais…
Cada Natal conta uma história, alguém, entre tantos, se sobressai, como se houvesse espaço para cada um brilhar, indistintamente.
E ai dá para entender a frase de uma das crianças quando viu a casa enfeitada:
– Tia o Papai-Noel não vira aqui nessa noite…
– Por que, perguntei ao Thiago, com os olhos arregalados vendo a casa enfeitada.
– Tia é que a nossa casa está tão bonita que o Papai-Noel vai ficar com inveja…
É mágico….
Amanhã tem mais histórias.