Vovó Feiticeira

A avó sempre é uma figura mágica. Meio mãe, meio tia, meio vizinha… ela tem o papel de muita gente, por isso é tão diferente e especial. Mas a minha avó… bem, ela conseguia colocar um tempero a mais nessa magia: ela era uma alquimista, saída diretamente da floresta encantada para nós.

Além de cozinhar muito bem, contar histórias incríveis e inventar brincadeiras diferentes, tinha também o dom de ler cartas. Isso mesmo! Ela usava as cartas de baralho como oráculo para prever o futuro, entender uma situação confusa, desvendar o que estava na alma das pessoas.

Ela contava que, quando era menina mudou-se para perto de sua casa uma família cigana. Na época era absolutamente proibido conversar com os ciganos e nem eles se aproximavam para uma convivência tranqüila, mas uma garota da comunidade, com seus 15 ou 16 anos, deu um jeito de conversar com a minha avó. As duas, curiosas – uma com a vida da outra – passaram a se encontrar escondido e trocar informação de seus mundos.

Uma se encantou com o mundo da outra, mas não chegaram a trocar ‘passaporte’, apenas alguns segredos, entre eles, a ciganinha ensinou a minha avó a leitura do futuro através das cartas.
A amizade entre as duas durou cerca de um ano, depois não se viram mais, mas o período foi suficiente para a vovó aprender todos os segredos daquele oráculo.

A vovó nunca usou seu dom de entender o futuro para ganhar dinheiro, seu dom era usado mesmo entre a família, amigos e amigos dos amigos. Ela estava sempre disposta a ajudar e aconselhar…

Além das cartas, a vovó colecionava pequenas orações, uma para cada momento. Orações simples, mas poderosas. Uma delícia acreditar em tudo o que ela dizia, em suas premunições, no seu poder com o oráculo, na sua fé em suas orações. A qualquer problema, havia um telefonema certo: – Vó, reza pra mim, to indo para uma reunião importante!….

Oração

Muitas orações era a vovó que rezava por nós, mas uma em especial ela nos ensinava. Dizia que as palavras tinham poder e que era esse poder que nós deveríamos usar na hora de pedir alguma ajuda. Segundo ela, o poder das palavras carregava consigo o poder da fé, da vontade, da necessidade e também do querer.

Sempre usei esse verso. Na escola, antes de fazer uma prova, no trabalho, antes de entrar para uma reunião ou decidir algo importante. O verso me vem à mente, nem preciso pensar nele, é como se ele pensasse em mim nas horas que preciso.

Segue, portanto, o verso poderoso da vovó:

Eu sou de Deus,
A Deus pertenço,
Só Deus tem poder sobre mim.
Com o Seu poder,
Me ajude a (faça o seu pedido).
(me ajude a ir bem na prova, a conversar com os meus pais, a ser entendido nessa reunião, a encontrar a melhor saída para esse problema… enfim, faça aqui o seu pedido.)