Amar Corretamente

Encontrei com uma amiga que vivia um problemão. Havia descoberto que o meio em que trabalhava estava lotado de mal entendidos, raiva e conflitos. A sensação de desconforto parecia geral no ambiente infectado de algum mal ainda desconhecido.

Ela desenvolvia um trabalho voluntário e, portanto, estava doando sua competência e experiência. Não havia o menor sentido em sofrer por situações tão embaraçosas, mas… li uma vez que o conceito de bondade ainda é aquele de “serviçal”.

O texto ainda dizia que é fácil confundir amizade com escravidão e amor com servidão. Pra piorar, tem gente que ainda pede “prova de amor”, “prova de amizade”, como se isso pudesse ser provado com apenas um ato.

Estava ai o maior erro na boa intenção dessa minha amiga: de repente ela acreditou que precisava provar sua amizade, seu amor, sua competência, sua sensibilidade e até seu profissionalismo. Ela se enrolou na sua própria vontade de ajudar o próximo e acabou por confundir bondade com servidão.

A história dela me faz ver muitas outras pessoas na mesma situação. Pára você e responda com toda honestidade: Você nunca viveu uma situação parecida com essa da minha amiga?

A bem da verdade, a maioria de nós faz isso o tempo todo sem se dar conta. Com os filhos, com o companheiro ou companheira, com amigos… servimos a todos e nos deixamos para trás. Fizemos realmente alguma coisa de positivo?

Na verdade criamos ao nosso redor um bando de vampiros do amor, que nos sugam voraz e intensamente, numa gula incessante.

Sabe aquela mulher que faz o jantar todos os dias e que, um dia não fez e todos ficaram de cara amarrada com ela? É assim que a vida lhe responde a responsabilidades que você toma para si.

Isso não tem nada a ver com amor, nem com amizade.  Tem a ver com postura – ou falta dela. Talvez esteja ai o grande erro. A vida é uma via de mão dupla. Tem de atender sempre os dois lados. É dar e receber, sim. Quando um só faz, cria imediatamente um desequilíbrio que pode infectar o ambiente.

E você pode estar se perguntando: Ela quer dizer que eu fiz muito e por isso criei um ambiente ruim? Não é exatamente isso que estou dizendo. Fazer muito é ser como uma árvore lotada de frutos, e bons frutos. O problema é quando só você faz e para todos. É absolutamente necessário respeitar a lei da via de mão dupla.

Doe sua experiência como voluntária, mas extraia da atitude a nobreza do reconhecimento e não a cobrança, como quem avisa que o que é gratuito, é brinde sem valor.

Amar é muito bom, ter amigos e se dedicar a eles é melhor ainda, mas faça tudo de forma que você conquiste, pelo menos, prazer em suas ações.

Seja feliz!